É mais fácil acreditar em Ratanabá do que no Flamengo de 2022

Flamengo me ajuda a te ajudar
3 min readJun 19, 2022

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Quando nem Arrascaeta se salva é que azedou demais o negócio

Uma cidade criada 450 milhões de anos atrás, sendo que os seres humanos surgiram faz menos de 3 milhões de anos. Uma descoberta arqueológica incrível que não foi divulgada por acadêmicos e pesquisadores mas sim por tios do Whatsapp, tuiteiros com avatar de lagriminha verde e amarela e usuários de Facebook cuja foto de perfil envolve eles de óculos escuros dentro do próprio carro. A vila amazônica futurista perdida é não apenas uma das mentiras mas sem pé nem cabeça dos últimos anos como possivelmente é uma tática obscena do governo para tentar distrair a população diante de graves crimes cometidos na Amazônia.

E ainda assim, se você me perguntar no que eu acredito mais, em Ratanabá ou nesse time do Flamengo que perdeu hoje, por 2x0, para o Atlético Mineiro em Belo Horizonte, vou ser obrigado a dizer que, bem, Amazônia, né, baita espaço grande, vai saber o que pode estar rolando.

Porque diante do futebol apresentado neste domingo, praticamente qualquer coisa, de Ratanabá até o ET BIlu, passando por Cabo Daciolo presidente, o continente perdido da Atlântida ou as entregas de todos os prédios prometidos pela Encol, parece mais provável do que o Flamengo ser capaz de conseguir alguma coisa além de vergonha e frustração na atual temporada.

Vitinho, o homem que se cansa no aquecimento e permanece exausto durante a partida

Um pouco pela desorganização tática. O Flamengo é um time constantemente perdido em campo, surpreendido por absolutamente qualquer tipo de ação adversária, como se não tivesse sido informado que os atletas do outro time podem se mover, driblar ou mesmo empurrar o artefato arredondado por entre os dois postes pintados de branco. Nos dois gols sofrido na partida de hoje a sensação era de que ou o Flamengo estava com alguns atletas a menos em campo ou os atletas que estavam presentes na partida não sabiam que tinham a obrigação de atrapalhar as ações da equipe de preto e branco.

Um pouco pela baixíssima fase técnica. Se de alguns jogadores já mais caóticos da ideia a gente não espera mais nada a essa altura do campeonato, é perturbador perceber como até mesmo aqueles que antes ajudavam a salvar o Flamengo na base da qualidade vivem momentos no mínimo complicados. Afinal, Marinho tropeçar na bola mesmo estando sem a bola, Arão se ausentar desse plano espiritual no meio de uma jogada, são coisas que não surpreendem mais nenhum torcedor, mas Arrascaeta errando passes, Gabigol errando movimentação, Éverton Ribeiro errando tudo, ainda machuca o coração.

Faz carinha de quem tá gostando demais de se aproximar do rebaixamento

Quando você soma a isso uma diretoria omissa, um elenco cheio de lacunas e um técnico que acredita que a verdadeira vitória são os amigos que fazemos pelo caminho e portanto é mais importante colocar o Diego Ribas em campo do que ganhar a partida, você tem a receita para um Flamengo que não apenas vem forte na busca pela eliminação em todos os mata-matas como com certeza tem sim potencial para realizar o vexame de não pegar nem G6 no Brasileirão de pontos corridos.

É cedo para se desesperar? Talvez seja. Talvez ainda exista alguma surpresa escondida no futuro, talvez os astros conspirem, talvez a paixão do elenco pela Turma da Mônica seja tão grande que a chegada de Cebolinha irá resolver todos os problemas. Mas vendo esse time de hoje, que mais uma vez foi incapaz de articular jogadas contra um adversário em crise, a sensação é de que investir 100 reais numa apostila para concurso público da prefeitura de Ratanabá ainda tem mais chances de retorno do que colocar 10 reais num título do Flamengo em qualquer site de apostas.

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